Lançamento aconteceu durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos
O jornal Brasil de Fato tem, a partir de agora, uma edição mineira. O lançamento do primeiro número aconteceu durante reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada na noite desta segunda-feira (13/5/13). O autor do requerimento foi o deputado Rogério Correia (PT).
O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), parabenizou os editores do jornal pela iniciativa e ressaltou a importância da publicação, que com a divulgação de fatos que não recebem visibilidade na grande mídia, já colaborou decisivamente para a preservação dos direitos humanos no País, na sua avaliação. “Esperamos que não pare nesse número zero, que novas edições venham pela frente. E pedimos às empresas estatais, que sempre são bombardeadas pelos grandes veículos, que anunciem nesse jornal, para ajudar a mídia alternativa a permanecer independente”.
O deputado Rogério Correia disse que a ocasião era de comemoração e reflexão a respeito da necessidade de democratizar a mídia. “Meia dúzia de famílias manda e desmanda nos veículos de comunicação brasileiros. Num ambiente desse, ter um jornal como o Brasil de Fato não é fácil. Em Minas Gerais, temos um quadro de censura. O patrocínio e as propagandas pagas fazem o silêncio da mídia mineira sobre certos assuntos, que não são investigados”. Ele destacou a importância de se ter uma publicação que traz um ponto de vista diferente do que a grande mídia oferece, o que poderá estimular pessoas a pensar diferente sobre uma série de questões.
O deputado Pompílio Canavez (PT) ressaltou que a falta de liberdade de imprensa é histórica. “Não podem ser publicadas só as idéias que interessam aos donos do poder, por isso o Brasil de Fato é fundamental. As notícias publicadas por ele não poderão ser lidas em nenhum outro órgão. Por isso, temos de garantir a distribuição, para que ele chegue até as pessoas e contribua para o debate e a formação de opinião”, disse.
O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), em consonância com seus colegas, chamou o Brasil de Fato mineiro de “trincheira de ideias”. “Estamos vivendo um momento muito desafiador. Por isso, é fundamental ter um espaço para contrapor os interesses midiáticos fundados sobre os interesses econômicos”. Ele disse ainda que a reforma agrária que vem sendo debatida em nível federal e estadual está aquém das necessidades do povo brasileiro e é “incompatível com o tamanho e grandeza do País”.
A editora mineira do Brasil de Fato, Joana Tavares, destacou que o lançamento do número zero é apenas o primeiro passo. Ela lembrou que, para que a publicação se consolide como veículo semanal gratuito, será preciso grande esforço conjunto. “É só uma vontade, e precisamos nos unir para que o jornal cumpra as expectativas que suscita”. Ela informou que o número zero teve 100 mil exemplares impressos, sendo que 50 mil estão sendo distribuídos no interior do Estado e o restante será distribuído na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
A presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-MG), Beatriz Cerqueira, também manifestou satisfação com o lançamento do jornal, destacando a unidade dos movimentos sindicais em torno da viabilização do veículo de comunicação. Ela também comentou a greve dos servidores municipais da educação e da saúde. “Acho muito covarde um prefeito que não dá conta de negociar e recorre ao Poder Judiciário para decretar a ilegalidade de um movimento tão justo. Há trabalhadores municipais que recebem menos de um salário mínimo por mês”, destacou.
Convidados criticam adiamento de julgamento
Durante o lançamento do jornal, parlamentares e líderes de entidades lamentaram que o julgamento da chacina de Felisburgo, ocorrida em 2004 no Vale do Jequitinhonha, tenha sido adiado. O julgamento aconteceria na próxima quarta-feira (15), em Belo Horizonte.
O membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Silvio Netto, chamou de mentira a alegação de que o adiamento teria ocorrido por “problemas técnicos” e que as testemunhas, que estão no Jequitinhonha, não poderiam ser ouvidas em tempo hábil em Belo Horizonte. “O adiamento demonstra de que lado está a Justiça brasileira. Milhares de trabalhadores estavam vindo para cá, para protestar e cobrar que a justiça fosse feita. Agora essas caravanas vão se espalhar pelo interior de Minas, por vários lugares, fazendo ocupações e ocupando rodovias.
Exigimos a prisão preventiva de Adriano Chafik, que continua aterrorizando companheiros no Jequitinhonha, e o assentamento imediato dos companheiros acampados na região. Amanhã faremos um ato no Fórum Lafayette e queremos ser recebidos pelo juiz e ouvir dele quando será a data do novo julgamento”.
A chacina de Felisburgo ocorreu em novembro de 2004, quando 17 homens invadiram o acampamento do MST na Fazenda Nova Alegria e executaram cinco sem-terra com tiros à queima-roupa, além de deixar 20 pessoas feridas. O crime foi a segunda maior chacina de sem-terra no País, atrás apenas dos assassinatos de 19 trabalhadores por policiais militares em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996.
Requerimentos – Durante a reunião, foram aprovados três requerimentos para a realização de audiências públicas. O primeiro, de autoria do deputado Sargento Rodrigues (PDT), é para a realização de discussão a respeito da Resolução 4251/13, que traz novidades com relação à regulamentação da jornada de trabalho de policiais e bombeiros militares.
O deputado Rogério Correia pediu debate sobre a greve na rede municipal de educação e de saúde, no intuito de auxiliar na intermediação da negociação de greve com a Prefeitura de Belo Horizonte.
Por fim, o deputado Cabo Júlio (PMDB) solicitou reunião para discutir o Plano Mineiro de Direitos Humanos.
Consulte o resultado da reunião.
Fotografias: Taís Ferreira
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