Texto:
Eficaz Comunicação
Fotografias:
Taís Ferreira
O Sind-UTE/MG conquista liminar que proíbe a organização de
novas turmas multisseriadas por meio de mandado de segurança com pedido
de liminar, além da campanha de denúncias de outdoors em Minas Gerais.
Essas foram as boas notícias repassadas pela direção do Sindicato aos
trabalhadores em educação durante a Assembleia Estadual, ocorrida nesse
sábado (19/05), em Diamantina.
Cerca de 3.000 trabalhadores participaram da Assembleia, vindos de
todas as regiões do Estado. Foram unânimes em aprovar a realização de
assembleias itinerantes, a exemplo de Marilene Almeida, da Escola
Delfino Magalhães, de Montes Claros, que defendeu a realização das
Assembleias Estaduais regionalizadas. “É uma maneira de mostrarmos ao
Governo do Estado que estamos na luta e não desistimos dos nossos
direitos.”
Joana Cesário, da Escola Estadual Guido Marliere, de Cataguases,
comunga da mesma opinião. “Achei muito bom, pois, assim, Minas Gerais
enxerga todo o movimento, a atividade não fica centralizada apenas em
Belo Horizonte. Isso possibilita que toda a categoria possa se deslocar
para cidades mais próximas e participar das atividades.”
De Contagem, das Escolas Estaduais Boa Vista e Tancredo Neves, Carlos
José Ribeiro Marques avalia a iniciativa positivamente. “Entendo ser
uma estratégia, frente ao descumprimento por parte do Governo ao acordo
firmado com a categoria, assinado após a greve de 2011. Entendo que as
Assembleias Estaduais Regionalizadas fortalecem o diálogo, e as
informações chegam com mais facilidade para toda a categoria.”
Rodrigo Lopes Cândido, da Escola Estadual Tancredo de Almeida Neves,
de Várzea da Palma, participou pela primeira vez da reunião. “Acho
válida a atitude, pois, ajuda a integrar ainda mais a população do
interior do Estado com esses movimentos, o que viabiliza o crescimento
da mobilização futuramente. Pretendo continuar participando das
Assembleias.”
Na mesma linha, os diretores e trabalhadores da região de Diamantina
aprovaram sediar a Assembleia Estadual. “Não tenha dúvida que a
regionalização das Assembleias é uma forma de o Sindicato se aproximar
da categoria. Muitos trabalhadores que estão aqui hoje não teriam
condições de assistir uma Assembleia da categoria se ela não fosse
realizada nesta cidade. A iniciativa fortalece o Sindicato e demonstra
que a entidade está preocupada com a categoria”, afirma Múcio Alberto
Cordeiro, Diretor Estadual da subsede Turmalina, que ressalta que a
unidade é fundamental para conseguir mudar a realidade, hoje instalada
no estado.
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Maria Geralda Ávila |
A diretora estadual da subsede Diamantina, Maria Geralda Ávila,
aprovou a medida. “A expectativa foi boa, tratamos assuntos cruciais
para a categoria. A definição de estratégias e articulações são
essenciais para nossas lutas e conquistas. Estamos difundindo o Dossiê
da Educação Mineira e fomos coroados com essa Assembleia Estadual.
Aumentando o diálogo com a sociedade de modo geral conseguimos
potencializar nossa luta”, ressaltou.
A coordenadora da subsede de Capelinha, Nádia Marize Guedes, também
avaliou positivamente a Assembleia naquela cidade. “A iniciativa
demonstra que o Sindicato está mais próximo da categoria, portanto,
temos que nos aproximar mais da entidade. Além disso, o governo vem
adotando medidas que não nos agrada e, por isso, temos que nos unir para
revertermos essas questões.”
Sind-UTE/MG apresenta estudo técnico durante Conselho Geral
Pela
manhã, o Conselho Geral, que reúne lideranças de todo o estado, se
reuniu no Espaço Planetário, centro de Diamantina. Na ocasião, foi
lançado e distribuído o Estudo Técnico sobre a projeção do atendimento
ao Ensino Médio Regular na Rede Pública Estadual de Minas Gerais: 2010 –
2014, elaborado pela Subseção do Dieese/Sind-UTE/MG.
Os principais pontos foram expostos pelos economistas Liliane Resende
e Diego Severino Rocha de Oliveira. O estudo revela dados como
abandono, evasão escolar e déficit de alunos que não são atendidos por
uma escola pública gratuita e de qualidade, além de um déficit de
investimentos por parte do Governo de Minas.
Além de conhecer a realidade sobre o Ensino Médico Estadual com
vistas a monitorar e acompanhar as informações em todas as regiões sobre
a questão, os estudos pretendem acompanhar as políticas públicas
elaboradas pelo Estado para esta área.
Espécie de raio-X do ensino nas escolas públicas estaduais quando se
trata de investimentos, o Caderno Técnico mostra, entre outros dados, um
prognóstico delicado. Em Minas, há um déficit de 1 milhão de jovens
entre 14 e 18 anos que não são contemplados por uma vaga no Ensino
Médio.
“Se o governo mineiro cumprisse o artigo 4º, inciso 2º e a emenda 59
da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) - que aponta para a gratuidade e
obrigatoriedade dos Estados em oferecer um ensino de qualidade – para
sanar esse déficit, iniciado em 2010 e com provisão de solução até 2014,
seriam necessários investimentos da ordem de R$5 bilhões ao ano na
educação pública”, explicou a economista Liliane Resende.
“Em Minas Gerais, apesar de toda a propaganda do Governo, o abandono e
a evasão no Ensino Médio continuam. O pequeno crescimento nas
matrículas ocorre na primeira série do Ensino Médio e, na segunda e
terceira séries, as matrículas têm caído absurdamente nos últimos anos”,
afirmou.
Para Diego Rossi, a redução de vagas no Ensino Médio pode impactar,
inclusive, com a demissão de professores, além de oferecer menos
condições aos jovens de inserção no mercado de trabalho, uma vez que
grande parcela precisa estudar à noite para trabalhar durante o dia.
Por sua vez, a secretária de Organização da Confederação Nacional dos
Trabalhadores em Educação (CNTE) e diretora do Sind-UTE/MG, Marilda
Araújo, avaliou a pesquisa que trata do Ensino Médio em nível estadual.
“Ela revela que o Ensino Médio está mal em todo o país, inclusive, em
nível mundial. Portanto, é necessário rever as matrizes curriculares,
principalmente, no nosso Estado, para que elas possam atender às
demandas de Minas Gerais, e que não seja uma coisa imposta como a
Secretaria determina. Temos o direito e pretendemos exigir esta
participação.”
Valorização da cultura popular regional
Como já é
de costume, uma atividade cultural antecede os trabalhos da Assembleia
Estadual. Desta vez, houve a apresentação teatral ‘O Mundo das Minas e
das Gerais,’ que conta a história de ‘Chica da Silva’, mulher que lutou
pela liberdade de seu povo e que viveu em Diamantina, atividade cultural
retratada por pessoas daquela terra. Também foram tocadas algumas
músicas de seresta, executadas pelo grupo JK e Seresta, de Diamantina. A
apresentação do grupo Pastorinhas ficou a cargo da professora Ordália
da Assunção Santos.
As atividades culturais foram coordenadas pelo Departamento
de Formação Pedagógica e Sindical, com objetivo de estabelecer um
paralelo entre a Diamantina do Século XVIII, cujo contexto era de
escravidão e de controle ideológico estabelecido pelos colonizadores, e a
Minas Gerais contemporânea, na qual o governante estadual tem a mesma
postura autoritária em relação aos/às educadores/as.
"Além do
discurso e das manifestações, é importante utilizarmos a cultura como
meio de conscientização, pois a arte é uma forma de educar as pessoas.
Portanto, o nosso intuito é utiliza-la para estabelecer o diálogo com a
sociedade, para mostrar a realidade da educação mineira", informou o
coordenador do Departamento de Formação Pedagógica e Sindical do
Sindicato, José Luiz Rodrigues.
Assembleia Estadual
A coordenadora-geral do
Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, abriu a Assembleia destacando a
importância da realização de Assembleias regionalizadas. “As Assembleias
no interior do Estado trazem a oportunidade de, além de a categoria
participar da atividade, fazer com que o debate relacionado aos nossos
problemas seja discutido com mais profundidade nas diversas regiões do
Estado. Aqui, tivemos a oportunidade de ter acesso a alguns meios de
comunicação e divulgamos amplamente os problemas que estamos
vivenciando. Essa é uma boa estratégia para nós aglutinarmos forças em
torno da nossa luta por direitos da categoria”, afirmou.
Além de fazer um balanço das atividades realizadas desde a Assembleia
anterior, que aconteceu dia 21 de abril, em Tiradentes, a
coordenadora-geral falou da necessidade de organização da categoria para
a realização de atividades no intuito de se cumprir os objetivos dos
trabalhadores em educação, a exemplo da implantação do Piso Salarial, o
descongelamento da carreira e a negociação da pauta de reivindicações
2012, que reflete os problemas que vivenciamos em vários aspectos, a
exemplo do salário, carreira, condições de trabalho e as questões
relacionadas à precariedade de atendimento do Instituto de Previdência
dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg).
Para denunciar a questão do reposicionamento, que trouxe uma
desvalorização de toda a categoria em relação ao tempo de serviço, foi
aprovada a realização de um ato com caravanas de aposentados e
aposentadas de todas as regiões. As pessoas foram posicionadas com 12
anos, enquanto tinham 25, 30 anos de trabalho em uma escola pública
estadual. “Só a indignação na região não é suficiente, nós queremos
fazer o momento estadual em que vamos para a Cidade Administrativa, num
ato em que as pessoas possam mostrar sua indignação e insatisfação, e
que a gente consiga promover uma manifestação que possa denunciar para
toda a sociedade o que nós estamos vivendo em relação aos aposentados”,
defendeu Beatriz Cerqueira. A atividade será realizada no dia 05 de
junho.
A direção informou as discussões das reuniões com o governo - com as
secretarias de Planejamento e Gestão e de Educação, ocorridas nos dias
26/4 e 17/5. “Conseguimos avançar em alguns pontos importantes, como a
questão de rever a Instrução Normativa sobre a organização do CESEC e
rever a política de turmas multisseriadas. Porém, nós avaliamos que
estes processos de negociação, da forma em que estão não nos trarão
negociação do Piso Salarial. É necessário que tenhamos essa clareza
porque, senão, a gente passa a se iludir no processo de negociação,
fazendo assembleias somente aos sábados, acreditando que isso nos trará o
Piso Salarial no final do processo”.
A direção do Sindicato avaliou que as reuniões com o Governo têm um
limite, porque ele não quer discutir o Piso e nem a carreira. Então, o
Sindicato tem buscado outras questões como férias-prêmio, problemas
relacionados à aposentadoria, mas o que é estrutural, Piso e carreira,
nós não vamos conseguir avançar nesse formato de negociação. Por isso,
defendeu a construção de um calendário mais ofensivo para o segundo
semestre, com a realização de paralisações ou mesmo uma nova greve por
tempo indeterminado.
Universitários da UFVJM
Um grupo de alunos da
Universidade Federal do Vale de Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) se uniram
à Assembleia. A UFVJM está em greve e os universitários se
solidarizaram à causa da educação mineira. Os estudantes Paulo Henrique
Lacerda Gonzaga e Ana Gonçalves, ambos do ‘DCE Levanta Juventude UFVJM’,
fizeram uso da palavra no caminhão de som, de onde a direção do
Sind-UTE/MG conduziu a atividade. Eles reiteraram apoio aos
trabalhadores em educação e gritaram palavras de ordem: “Eu já falei prá
você não mexer com o professor. O professor é meu amigo e luta pela
educação. O professor tá na rua porque o piso ta no chão”; e “Educação
não é mercadoria. A nossa luta é todo dia.”
Solidariedade à greve dos professores universitários
Os
trabalhadores em educação aprovaram uma moção de solidariedade aos
professores universitários que estão em greve. O Sind-UTE/MG se colocou
à disposição da categoria para ajudar no que for necessário.
Resgate Histórico
No dia 08 de junho próximo,
completa um ano do início da histórica greve realizada pela categoria em
2011 – foram 112 dias. “A data deverá ser celebrada, pois se não
valorizamos a nossa história, não serão os patrões e nem o Governo que o
farão”, defendeu a coordenadora Beatriz Cerqueira. Para tanto, ficou
acertado que a discussão será levada a todos os cantos do Estado pelos
trabalhadores, bem como nas salas de aula, para alunos e sociedade,
explicando que o movimento foi desrespeitado pelo Governo do
Estado pelo não cumprimento do termo que foi firmado, desvalorizando os
profissionais da educação.
Ato Público
Após a Assembleia foi realizado um
Ato Público na Praça do Mercado. Participaram o presidente da Central
Única dos Trabalhadores (CUT/MG), Marco Antônio de Jesus, que destacou a
força e a unidade dos trabalhadores em educação. “O Sind-UTE/MG vem,
bravamente, organizando a categoria para ganhar força para o
enfrentamento maior ao Governo do Estado. Temos que fazer com que a
nossa luta resulte em conquistas.”
O diretor estadual do Sind-Saúde, Reginaldo Tomás, participou e
informou que os trabalhadores da saúde começam a realizar paralisações
em todo o estado a partir do dia 04 de junho. A professora Betânia,
representando o CSP Conlutas reforçou a importância da solidariedade com
o movimento de greve dos professores universitários e a importância da
luta pelos 10% do Produto Interno Bruto para a educação. O deputado
estadual Rogério Correia (PT) também esteve presente à Assembleia do
Sind-UTE/MG.


O secretário Nacional de Formação da CUT, José Celestino, o Tino
destacou em sua fala a força da categoria, que busca a construção de uma
educação pública de qualidade social. “Devemos estar atentos às
artimanhas do governo de Minas, que vem sugerindo medidas que caminham
na contramão do que defendemos, quer com o descaso aos profissionais, o
não pagamento do Piso Salarial, quer com a fusão de turmas e a
construção de turmas multisseriadas, por exemplo. Precisamos nos
fortalecer, cada dia mais, para desbancarmos as ações propostas por este
nefasto governo.”
Participação de caravanas
Confira algumas
caravanas que participaram da Assembleia Estadual: Aimorés, Alfenas,
Amenara, Augusto de Lima, Belo Horizonte, Betim, Buenópolis, Campestre,
Campo Belo, Candeias, Capinópolis, Capitólio, Caratinga, Cataguases, Conselheiro
Lafaete, Contagem, Corinto, Coronel Fabriciano, Curvelo, Divinópolis,
Esmeraldas, Espinosa, Felício dos Santos, Frutal, Gouveia, Governador
Valadares, Ipatinga, Itabira, Itamarandiba, Itaobim, Itaúna, Ituiutaba, Jaíba, Janaúba, Januária, João Monlevade, Jordânia, Juiz
de Fora, Lagoa da Prata, Lavras, Leopoldina, Manhuaçu, Martinho Campos,
Matipó, Monte Carmelo, Montes Claros, Muriaé, Nanuque, Nepumuceno,
Passos, Patrocínio, Perdões, Pirapora, Pompeu, Ponte Nova, Rio Preto,
Rio Vermelho, Rubelita, Sacramento, Salinas, Santa Luzia, Santana do
Pirapama, Serro, Sete Lagoas, Teófilo Otoni, Três Pontas, Turmalina,
Ubá, Uberaba, Uberlândia, Unaí e Varginha.
Atividades de Mobilização
- Intensificar visita
às escolas e discutir a possibilidade de ações mais ofensivas no 2º
semestre como greve por tempo determinado ou indeterminado ou
paralisações.
- Intensificar a denúncia do governo do Estado com a distribuição do “dossiê da educação”.
- Realizar mobilização e manifestação contra o fechamento de postos ou rebaixamento de agência para posto do Ipsemg.
Calendário de Luta
De 21/05 a 15/06
– Realização de Assembleias locais
01/06
- Panfletagem em Divinópolis, atividade preparatória para a Assembleia.
05/06
- Caravana de aposentados e aposentadas na Cidade Administrativa.
06/06
– Reunião do Conselho de Alimentação Escolar (CAE) com a Secretaria de
Estado da Educação. O Sind-UTE/MG apresentará denúncia de problemas
relacionados a esta questão.
11/06 – Discussão em sala da aula a respeito do movimento dos
educadores em referência ao 08/06/11, que foi o início da maior greve da
história dos profissionais da educação. Cada subsede deverá organizar
atividade numa escola da cidade.
Confira mais fotografias da Assembleia em Diamantina!