Beatriz Cerqueira*
O
filósofo Mário Sérgio Cortella fala que a radicalidade é a reação à
superficialidade. No 8 de março de 2013, recorro à necessidade de
tratarmos, de maneira radical, o Dia Internacional das Mulheres.
Não
queremos flores, não queremos “parabéns pelo dia”! Que estes gestos de
gentileza sejam feitos em datas comemorativas. Queremos que os motivos
que levaram a existência desta data deixem de existir em nossa
sociedade.
Queremos
que a hipocrisia de achar que evoluímos na questão de gênero seja
substituída pelo reconhecimento de que a violência praticada contra a
mulher é real, independente de classe social, de opção ideológica ou
partidária, de raça ou de idade.
Homens
ainda se acham no direito de impor relacionamentos mesmo quando a
mulher não quer. O que a mulher veste ou o seu comportamento social
ainda justificam agressões morais e sexuais.
O
ditado popular “em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”
expõe que a violência praticada pelo companheiro é uma questão do casal e
não da sociedade. A estabilidade econômica da mulher e a estabilidade
emocional dos filhos são utilizadas como chantagem para a manutenção do
relacionamento, para o aprisionamento psicológico da esposa ou
companheira. Mulheres continuam morrendo quando querem colocar um basta a
este controle.
Os
policiais que atendem ocorrências de conflito doméstico não estão
preparados para lidar com a situação e identificar a fragilidade em que
se encontra a mulher. As delegacias especializadas, com poucas exceções,
não têm atuação intersetorial para oferecer à mulher, quando esta tem a
coragem de procurar as delegacias, a proteção e o acompanhamento
necessários.
A ideia de “lavar a honra” ainda está presente nas atitudes de violência física e moral, praticadas contra a mulher.
Queremos
políticas públicas que modifiquem esta vergonhosa situação e que todas
as formas de violência contra a mulher sejam banidas da nossa sociedade.
Porque as flores não apagam as violências que sofremos!
* Beatriz Cerqueira é
Coordenadora-Geral do Sind-UTE/MG e presidenta da CUT/MG
Nenhum comentário:
Postar um comentário