A Cidade Administrativa voltou a ter manifestações de servidores públicos indignados com o descaso do Governo do Estado.
A
manifestação, coordenada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em
Educação de Minas Gerais
(Sind-UTE/MG), foi realizada nessa terça-feira (21/08) e contou
com caravanas de diversas regiões do Estado. Os trabalhadores
em educação se concentraram em frente ao Edifício Minas – onde fica a
Secretaria de Estado
de Educação – e protestaram. Em pauta, os inúmeros problemas que a
categoria tem enfrentado em relação ao IPSEMG: atendimento precário,
falta de investimento em especialidades e exames no interior do Estado,
diminuição das Agências de Atendimento e mudança na forma de
contribuição.
Aparato policial
- O uso do carro de som foi proibido e o aparato policial, com a
presença do batalhão de choque e cavalaria, demonstrou a forma como o
Governo do Estado recebe os trabalhadores em sua sede.
Realidade - Situação
vivenciada na pele pela professora aposentada Ana Lúcia Moreira, 67
anos: após ter lecionado durante 30 anos em Belo Horizonte, ela esperava
poder contar com um atendimento digno. Para ela, a mobilização da
categoria é fundamental para pressionar o Governo.
“O
problema é de todos nós, o Ipsemg é nosso e não do Governo. O desconto é
feito em nosso contracheque e, por isso, toda a categoria deve se
mobilizar. Além disso, estou pagando por uma coisa que eu não estou
utilizando, porque sou forçada a procurar um médico particular, se
quiser ter o meu tratamento”, afirmou.
Vinda
com caravana da subsede de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e
participante desde a primeira caravana dos aposentados, a professora
aposentada Maria Elisa Barone,
78 anos, também destacou a importância de mobilizar a categoria, em
especial, os aposentados. “Não tem idade para lutar. Os aposentados são
uma força que ainda não se descobriram. Porque eles também contribuem
e continuam tendo os descontos em seus contracheques e, por isso, devem
lutar junto do pessoal da ativa por um atendimento digno no Ipsemg”,
ponderou.
O Auxiliar da Educação Básica e diretor estadual do Sind-UTE/MG Jonas Willian Pereira,
avaliou a mobilização na Cidade Administrativa. “Nós, trabalhadores da
ativa, e aposentados, é quem somos os proprietários do Ipsemg. E da
forma como o Instituto se encontra hoje, não é possívelaceitá-lo. Por
isso, precisamos abrir um diálogo com o Governo. Apesar de o Sindicato
já ter se reunido antes e protocolado as reivindicações, o Estado vai
postergando e nos enrola para solucionar o problema que se arrasta em toda Minas Gerais.
Eu mesmo preciso fazer uma cirurgia para retirada de hérnia. Já fiz o
risco cirúrgico, mas corro o risco de perder os exames por não
conseguir marcar o procedimento no Ipsemg”, explica.
Cones -
Na ocasião, estava agendada a reunião do Comitê de Negociação Sindical
(Cones), que contaria com a presença da Secretária de Estado de
Planejamento e Gestão, Renata Vilenna e a Presidenta do Ipsemg. Diante
da mobilização do Sindicato, o Governo optou por cancelar a reunião.
Problemas sem resposta - Para a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira,
a categoria está indignada com a situação do Ipsemg. Ela explica que o
Sindicato já participou de audiência pública na Assembleia Legislativa,
quando foram apresentados os problemas de atendimento de várias cidades,
que evidenciam que o serviço prestado em várias regiões do Estado é
muito precário. Dentre as revelações feitas pelos educadores/as, estão a
demora no atendimento, além da falta de especialidades. Os problemas
também foram apresentados diretamente ao Ipsemg, mas a entidade ainda
não recebeu resposta.
O
atendimento da perícia também foi questionado pelo Sindicato. Outra
questão já denunciada pelo Sind-UTE/MG foi a situação das perícias
médicas. Em algumas regiões do Estado como em Janaúba, a perícia tem
sido usada para constranger os trabalhadores, uma vez que o perito
questiona até mesmo a participação do servidor em atividades do
Sindicato.
As subsedes do Sind-UTE/MG informam a realidade das unidades do IPSEMG no estado de Minas Gerais. Acompanhe:
Araguari
O atendimento foi reduzido.
Araxá
Os
problemas com o Ipsemg na cidade aumentaram. As cotas para exames de
rotina esgotam rapidamente, não atendendo a toda a demanda. Consultas
têm sido desmarcadas constantemente devido ao crescente
descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais. Quem necessitar de
atendimento de urgência, após a distribuição
das cotas no início de cada mês, tem que recorrer à iniciativa privada.
Exames como ultrassom, mamografia, tomografia e outros chegam a demorar
até 60 dias para
serem realizados. Os servidores designados não conseguem nada pelo
Ipsemg após 15º dia de licença-médica, mesmo aqueles que têm contrato
até dezembro do ano em curso. O Ipsemg não dá retorno da documentação
exigida e enviada.
Bambuí
Não tem atendimento.
Belo Horizonte
A
categoria enfrenta problemas com cotas insuficientes, cirurgias
desmarcadas e dificuldade de agendamento de consultas e exames.
Bom Despacho
O
atendimento médico é feito apenas por dois médicos. Já o atendimento
laboratorial é somente para exames básicos. Não há serviços de raio-x,
internações e fisioterapia. Também não há credenciamento de
especialidade como ginecologia, neurologia e pediatria. Para a
realização de exames mais complexos é necessário o deslocamento até Belo
Horizonte e ainda assim, normalmente, os exames são desmarcados.
Carangola
As cotas para exames laboratoriais são insuficientes diante da demanda da região e as cirurgias são desmarcadas.
Iguatama
Sem atendimento.
Itabira
As cotas para consultas são insuficientes para a demanda da região.
Ituiutaba
Os
trabalhadores em educação sob a abrangência da Agência do Ipsemg em
Ituiutaba continuam sem assistência médica a que têm direito desde 2004. A
situação, que já era precária, se agravou ainda mais ao longo desses
anos. O atendimento do Instituto passou de precário a inexistente, com
denúncias de cobranças indevidas de taxas.
Juiz de Fora
As cotas foram diminuídas em 50%, com exceção de hemodiálise e oncologia.
Lagoa da Prata
Não
há atendimento de laboratório clínico e radiografia. Inúmeras consultas
foram suspensas e a agência do Ipsemg passou a ser posto.
Moema
Sem atendimento.
Muriaé
O
Centro Diagnóstico do Hospital São Paulo de Muriaé, onde os servidores
fazem exames paralisou o atendimento em 2011. Vários dentistas estão
pedindo o descredenciamento por atraso de pagamento. Médicos de algumas
especialidades estão parando de atender por causa do atraso no
pagamento.
Ubá
Não há atendimento de neurologista, psiquiatra, pneumologista, psicólogo e nutricionista.
Uberaba
Consultas
desmarcadas e cirurgias adiadas por tempo indeterminado e sem
justificativas, alguns médicos continuam na lista do Ipsemg, porém, não
estão marcando consultas.
Uberlândia
O
Hospital Madrecor foi credenciado em abril de 2009 e veio absorver uma
demanda reprimida superior a 20 anos com mais de 30.000 servidores e
dependentes distribuídos em cerca de 40 municípios. Os trabalhadores da
rede estadual de Minas Gerais reivindicavam uma unidade que os
reconhecesse enquanto servidores cadastrados no Ipsemg. Após várias
negociações entre Governo, Sindicato e Ipsemg, conquistamos o
credenciamento desta instituição.
Mas em 2011, ocorreu a suspensão do atendimento, prejudicando a categoria de toda a região. Não há outro atendimento no interior
do Estado e, devido à demanda, não podemos nos descolocar até à capital
mineira. Os servidores usuários do Hospital começaram a reclamar da
restrição ao atendimento por conta da “Cota Contratual” entre Madrecor e
Ipsemg uma vez que, extrapolando o teto acordado, o procedimento está
sendo negado ao usuário.
Itajubá
Foi
elaborado um abaixo-assinado e entregue às autoridades para tentar
impedir que a sede regional do Ipsemg fosse rebaixado a posto regional, o
que não adiantou. Hoje, o Ipsemg em Itajubá funciona somente como posto
regional.
Pará de Minas
Há
um número reduzido de médicos credenciados na cidade. Muitas
especialidades como cardiologia, geriatria e ortopedia não têm médicos
credenciados. Os exames laboratoriais são limitados. Geralmente na
primeira semana de cada mês já se esgotam o número de fichas para os
exames. Qualquer exame que for solicitado após o encerramento da
distribuição das fichas, deve ser pago pelo servidor, mesmo se for
considerado caso de urgência. O hospital da cidade (Hospital Nossa
Senhora da Conceição), já suspendeu por diversas vezes o atendimento aos
usuários do Ipsemg, alegando atraso do repasse dos valores devidos.
Muitos
servidores reclamam também do atendimento na agência do Ipsemg local.
Há relatos de tratamento inadequado aos usuários e demora no
atendimento.
Unaí
Há
somente um clínico-geral atendendo. O paciente marca no primeiro dia
útil do mês e aguarda a data do agendamento. Caso precise realizar algum
exame, é necessário ir até Patos de Minas.
Governador Valadares
Com
o término da greve de 2011, os usuários do Ipsemg em Governador
Valadares tiveram dificuldade em utilizar os serviços oferecidos pelo
mesmo. Como os servidores tiveram os salários cortados, ocorreu que, por
aproximadamente dois meses, não houve desconto em folha da mensalidade
do Instituto e assim, os mesmos ficaram sem atendimento com os cartões
bloqueados. No mês seguinte foram descontados os meses atrasados e essa
situação se regularizou. Pagamos, mas não usamos.
Entre
o fim de 2011 e o início deste ano, os usuários do Ipsemg vem tendo
dificuldade em utilizar os serviços oferecidos pelo mesmo, devido a
renovações de contratos que até a atual data não foram resolvidos, o que
vem acarretando dificuldades em obter atendimento
em vários setores. Quando existe um local ou especialista que atende
pelo Ipsemg as cotas são reduzidas, não suprindo a necessidade da
região. Assim, o usuário tem que esperar meses para conseguir uma vaga
para ser atendido.
Sete Lagoas
O
atendimento é feito por meio de cotas, ou seja, no início do mês as
pessoas enfrentam longas filas para autorizar e marcar consultas e
exames. Caso o número de cotas termine, somente no próximo mês é que
novamente serão abertas novas cotas, prejudicando o servidor.
Nas
especialidades médicas como fonoaudiólogo, otorrino, psiquiatra,
cardiologista, mastologista, geriatra, entre outras, além da psicologia,
não há atendimento.
As
cotas são insuficientes para exames mais complexos como ultrassom,
mamografia, raio X e tomografia - quase não se consegue agendamento
devido a poucas cotas. O exame de citologia (prevenção ginecológica) não
é feito por nenhum laboratório. Caso a pessoa precise, esta deve pagar
pelo serviço e, para exames de sangue de rotina, o número de cotas
também é pequeno frente à demanda.
Há
um convênio com o Hospital Nossa das Graças, mas é muito precário, às
vezes não tem médico especialista de plantão, como por exemplo pediatra.
Manhuaçu
As
características do atendimento na cidade são: precário, faltam médicos
especialistas em todas as áreas, laboratório não atende a demanda e não
tem clínicas conveniadas para outros exames de maior complexidade.
Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo
Na
agência do Ipsemg de Coronel Fabriciano, o atendimento é precário. A
marcação de consulta para clínico geral na agência é quase impossível,
há apenas um médico. Há especialistas como cardiologistas e ortopedistas
que pré-agendam com muito tempo de antecedência. Já a Odontologia, há
apenas dois dentistas para atender a região.
Alguns
laboratórios de análises clínicas agendam exames no dia 15 do mês para
atendimento nos três primeiros dias do mês subsequente. Outros agendam
no último dia do mês para atendimento do mês de subseqüente apenas 10
pessoas por dia. A cota dura cinco dias.
Os
procedimentos de ultrassonografia e mamografia são agendados para
outubro/novembro, podendo ser feitos também em Governador Valadares.
Exames mais complexos como ressonância magnética e tomografia
computadorizada podem ser realizados na cidade de Governador Valadares.
Caratinga
A
demanda é grande e há poucos médicos credenciados. Dos poucos
credenciados, alguns já estão com consultas marcadas até agosto e não há
mais vagas. Os casos de emergência são atendidos apenas na Casa de
Saúde, onde nem sempre encontramos médicos especializados.
Fotos: Taís Ferreira